sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

E ainda se perdem plantas por Podridão?



autores: Gomes Ferreira, Augusto Burle
Melo e Silva, Carlos Eduardo.
“Abstract:
In Brazil it is common some orchidophiles loose plants through infection by Pseudomonas cattleyae - a fatal disease which leads to rapid total loss of the leaves and pseudobulbs with consequent death of the plant.
Various experiments are being undertaken with a view to discovering a product which will save the plant. The authors are getting good results using a remedy (antibiotic) easily found in Brazil by the commercial name “Cicatrene” , made with Neomicine and Bacitracin.
They say when an orchid is suffering from fungal rot, caused by Pseudomonas cattleyae, they make a little hole in the rhizome of the plant and inject the substance of Neomicine and Bacitracin. After a short time the disease is under control. They didn´t get any result using Neomicin + Bacitracin cream or spray. It must be a solution of NB powder and sterilized liquid vehicle (text written in 1991). Obs.: Nowadays there aren´t on Pharmacies the old formula “Cicatrene” powder.
De acordo com publicação no Boletim CAOB (Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil), editado em 1991, os autores, então residentes no Estado de Pernambuco, tomaram conhecimento de que “para os orquidófilos do Sul a Podridão Bacteriana (causada por Pseudomonas cattleyae) continuam sendo causas de uma doença fatal para as suas plantas. Afirmam que onde moram, curam mais de 95% dos casos, só perdendo uma planta quando todas as gemas já foram atingidas.
neomicina_bacitracinaConsideraram na época o poder bactericida da Neomicina e sua impossibilidade de uso interno no homem, por motivo de paralisia renal que provoca. Lembraram da Podridão bacteriana e que orquídea não tem rins, assim, resolveram experimentar a aplicação interna do medicamento Cicatrene em pó (Neomicina + Bacitracina) nas plantas atacadas por essa doença. Primeiro, Gomes Ferreira, fez um furo num bulbo sadio de uma Laelia crispa que estava atacada pela Pseudomonas cattleyae e encheu o furo com Cicatrene, a Laelia curou-se sem que fossem removidas as partes afetadas, que secaram. Como este processo deixou um furo feio na planta, ele combinou com Melo e Silva, que além de orquidófilo é cirurgião vascular, injetar, com uma agulha raquidiana e uma seringa hipodérmica, 1 cm cúbico de solução saturada de Cicatrene. Assim, na primeira planta que apareceu infectada pela Podridão, perfurou em sentido longitudinal pela axila foliar e injetou 1 cm cúbico no último bulbo infectado e no primeiro primeiro ainda não atingido. A planta foi curada sem que fossem removidas as partes doentes.
Enquanto isto, Melo e Silva retirou a planta para um lugar seco, suspendeu toda a regação e cobriu o rizoma e as raízes visíveis com o Cicatrene, retornando a planta ao orquidário, depois que todas as partes infectadas secaram. Gomes e Ferreira cortou as partes infectadas e esfregou Cicatrene em pó nas cicatrizes e depois cobriu-as com mais Cicatrene, não removendo a planta do orquidário. Ambas as técnicas obtiveram o mesmo êxito: 99,9 % de cura.
Nas monopodiais como as Phalaenopsis, ambos removeram as partes infectadas e aplicaram o remédio, se o olho da planta ainda não tiver sido atingido, enchem-no com Cicatrene.
Este êxito levaram-nos a experimentar o remédio em outras doenças e também obtiveram excelentes resultados, como por exemplo:
1- Na podridão negra, que ataca os brotos no início do crescimento.
Cobrindo o broto com Cicatrene, a podridão estaciona e se não tiver atingido o tecido clonal, o broto retoma o crescimento, se já tiver atingido o clone, é removido este até atingir o tecido sadio, aplicando o remédio na ferida e em todos os outros brotos dormentes. As próximas brotações não são mais atacadas.
2- Na Podridão Negra e na nova doença surgida em Pernambuco (ressecamento superficial e penetrante do rizoma) os resultados também foram de êxito total.
Consideram que não devemos fazer do Cicatrene uma panacéia miraculosa.
Acreditam que com outros medicamentos de composição assemelhada como o Cicatrizam, obtenha-se o mesmo resultado.
Finalizando, fazem uma advertência: o Cicatrene, pomada e “spray” mostraram-se totalmente ineficazes.” (Atenção! Observe que esse texto foi escrito em 1991, na época existia o Cicatrene em pó, hoje -2009- não mais)
No texto afirma-se que a linha humana do medicamento à base de Neomicina e Bacitracina é de uso exclusivo externo pois internamente pode causar problemas renais, assim não existe no mercado farmacêutico, atualmente, composição do medicamento Cicatrene em pó, vendido na época, 1991 - portanto há mais de 10 anos.
Tentei encontrar sem sucesso nas farmácias e drogarias, e mesmo no Bulario Eletrônico da ANVISAalgum outro com mesma composição em pó, muito menos na linha veterinária. Existem dezenas de marcas, a começar por Nebacetin, mas todas, sem exceção na forma creme ou “spray”. Os autores foram taxativos em dizer que como creme ou “spray” o medicamento foi totalmente ineficaz, portanto sem nenhum efeito no combate a doença da planta.
A solução será procurar uma boa farmácia de manipulação e encomendar a mistura de Neomicina e Bacitracina em pó, na proporção daquela constante da bula do Cicatrene ou Cicatrizan.
Para os orquidófilos interessados em mandar manipular a fórmula , entenda a seguir o por quê dos benefícios dessa composição bactericida na defesa de nossas orquídeas:
Propriedades farmacodinâmicas
celula_bactéria_tipica_romeiro_1955A neomicina determina um erro na leitura do código genético da bactéria, interferindo na síntese de suas proteínas. Abacitracina inibe a biossíntese da parede celular bacteriana. Portanto, quando a neomicina e a bacitracina são utilizadas de forma associada, alteram a síntese bacteriana através de duplo mecanismo de ação.
Observa-se um efeito sinérgico destes dois componentes bactericidas, por exemplo, contra o crescimento de estreptococos, enterococos, pneumococos e algumas cepas de estafilococos.
A neomicina é eficaz contra bactérias gram-positivas, e particularmente contra as gram-negativas. O espectro de ação da bacitracina compreende principalmente as bactérias gram-positivas e algumas bactérias gram-negativas.
Conhecendo um pouco mais sobre BACTERIAS.
A Pseudomonas cattleyae é uma bactéria gram-negativa, ou seja, age e sobrevive sem necessidade de ar, portanto um organismo microscópico anaeróbico (ou anaeróbio).
Num estudo do Prof. Sami J. Michereff, do Departamento de Agronomia, Área de Fitossanidade, da Universidade Federal de Pernambuco, denominado “Bactérias como agentes de doenças de plantas” e publicado na internet, afirma que mais de 1.600 bactérias são conhecidas, mas apenas cerca de 100 espécies causam doenças em plantas. São importantes patógenos de plantas, não somente pela alta incidência e severidade em culturas de valor econômico, mas também pela facilidade com que se disseminam e pelas dificuldades encontradas para o controle das enfermidades por elas incitadas.
gender_bacterias@orquidario_cuiabaNa classificação dos principais gêneros de bactérias fitopatogênicas, temos o Reino:Procaryotae - e na divisão: Gracilicutes (das bactérias gram-negativas), temos a ClasseProteobacteria (onde a maioria é unicelular). Nessa classe encontramos a FamíliaPseudomonadaceae, com os Gêneros:Acidovorax, Pseudomonas, Ralstonia e Xanthomonas. Clique na imagem ao lado para vê-la ampliada.
Enquadramos no gênero Pseudomonas a espécie cattleyae, terror para muitas de nossas orquídeas.
No estudo do professor Michereff, é apresentado a tabela abaixo, facilitando maior compreensão da forma de atuação das principais bactérias patógenas. Clique na tabela para vê-la em detalhe.tab_bact_patogenicas@orquidario_cuiaba

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