sábado, 18 de setembro de 2010

ADUBAÇÃO: NECESSIDADES E CUIDADOS NAS ORQUÍDEAS

1. INTRODUÇÃO

As orquídeas epífitas são, por sua natureza, tão pouco exigentes que
sobrevivem com o mínimo de elementos nutritivos que o seu 'habitat" aéreo
lhe oferece, entretanto, abundantemente sob a forma de minúsculas partículas
de poeiras e detritos vegetais oriundos dos raminhos e folhas em vias de
decomposição, bem como de inúmeros microseres mortos e dejeções das aves que
pousam entre as touceiras das orquídeas.
Se é verdade que nas árvores do seu habitat, as orquídeas se acham expostas
a todas as intempéries, não é menos verdade que se encontram bem protegidas
contra os raios escaldantes do sol do meio-dia, pelos ininterruptos
movimentos das folhagens da árvore que lhe serve apenas como suporte
(hospedeira).
Os sulcos profundos que percorrem a casca rugosa em todas as direções
oferecem às raízes, a necessária sombra e frescor. As águas da chuva,
descendo ao longo das hastes e troncos, desprendem e arrastam minúsculas
frações de casca de árvore, poeiras, excrementos de aves, insetos mortos,
folhagem secas, que se alojam nas rugas e fendas da casca, onde se
constituirão em uma verdadeira fonte de material orgânico, os quais irão
liberar os nutrientes e compostos orgânicos durante a fase final de sua
decomposição, através das chuvas e do orvalho noturno.  Devemos salientar
que este material orgânico é renovado continuamente e que sempre estará a
disposição das plantas quando estes estiverem solubilizados.
Nas matas, períodos de neblinas densas envolvem a planta toda num véu
refrescante, cuja umidade se infiltra entre os pequenos ramos de musgos,
líquens e himenofiláceas que formam um tapete refrescante ao redor do pé da
orquídea, onde se condensam e se transformam num reservatório de água, de
onde a planta a retira em caso de necessidade. Porém, as neblinas passam tão
depressa como vêm, ficando desta maneira afastado o perigo que a planta
sofra de umidade excessiva.
Além da abundância de luz, há a abundância de ar, porém, os ramos e as
folhagens das árvores protegem as orquídeas contra as grandes ventanias e
correntes frias de ar, que são por elas desviadas ou enfraquecidas.
Entre os pseudobulbos, depositam-se poeiras de origem bem diversa, tais como
folhas secas, galhos mortos, excrementos de aves que visitam as touceiras
das orquídeas , bem como os cadáveres de inúmeros micro e macroseres, cujo
conjunto constitui numa inesgotável fonte de material orgânico, que se
renova sem a mínima interrupção. Assim, explica-se como as orquídeas, no seu
habitat natural, prosperam admiravelmente.
Porém, quando cultivamos essas maravilhosas plantas longe de seu habitat
natural (onde a mãe natureza lhe fornece a proteção e a sua alimentação de
modo equilibrado e balanceado), procuramos imitar ao máximo o ambiente em
que vivem, bem como, adotar uma adubação química/orgânica que reflita ao
máximo o sistema de nutrição que ocorre na natureza e assim cresçam
vigorosas e saudáveis.

2. FALANDO SOBRE O HABITAT DAS ORQUÍDEAS

Para falarmos sobre a adubação de orquídeas, devemos compreender o ambiente
em que elas vivem, pois, através da observação do seu habitat (quando
possível) é que são adotados os seus tratos culturais, tais como: as regas
(freqüência e quantidade), a escolha do substrato, o local ideal para
cultivá-la, a luminosidade mais adequada, a umidade atmosférica mais
adequada, a correta adubação através de adubos químicos (pó granulado ou
líquido) e orgânicos em termos de dosagem (quantidade) e freqüência
(intervalo em que se deve fornecer os nutrientes.
As orquídeas são as que possuem como habitat as árvores e como tais são
chamadas de epífitas (orquídeas, bromélias, cactos tropicais), um termo
designado a todas as plantas que se desenvolvem nos troncos das árvores, em
busca do sol para realizar a fotossíntese e sintetizar o seu próprio
alimento. Por serem autosuf'icientes quanto à síntese do alimento, elas não
podem ser chamadas de plantas parasitas (definição para seres vivos que
utilizam um hospedeiro de onde retiram o alimento que ele sintetiza).
As orquídeas epífitas atuais, para sobreviverem nas árvores, onde há
escassez de água e nutrientes (ambiente equivalente a um deserto)
desenvolveram mecanismos físicos e fisiológicos para se adaptarem a essas
condições adversas ao longo do processo evolutivo de milhões de anos.
A falta de água por períodos longos, selecionou plantas com a capacidade de
absorver água em grande quantidade e em pouco tempo. Houve uma seleção de
plantas que mantinham os estômatos fechados durante o dia, o que resultou
numa diminuição drástica da transpiração durante esse período (absorvem e
acumulam o gás carbônico - CO2 - durante a noite na forma de um composto
orgânico de quatro carbonos quando os estômatos estão abertos, para que
durante o dia, na presença do sol, haja a síntese de carboidratos, mesmo com
os estômatos fechados); desenvolveram a capacidade de acumular água e
nutrientes em estruturas chamadas de pseudobulbos; a utilização eficiente
dos nutrientes, em pequenas quantidades que estão disponíveis quando há
período de chuvas e/ou orvalhos à noite (solubilização para tornar os
nutrientes assimiláveis).

3. POR QUE ADUBAR AS ORQUÍDEAS:

As orquídeas, quando cultivadas em ambiente artificial, mais cedo ou mais
tarde precisarão receber todos os nutrientes essenciais através de uma
adubação balanceada e em doses homeopáticas. No cultivo artificial, quando
se usa um substrato que possua todos os nutrientes (ex.: fibra de xaxim) a
adubação se fará necessariamente no segundo ano de cultivo, devido ao
esgotamento dos nutrientes presentes no substrato (causados pela absorção e
lixiviação). Porém, quando o substrato utilizado for de baixa ou de nenhuma
fertilidade, a adubação será necessária desde o início do plantio, quando
esta estiver enraizada, pois a única fonte externa de nutrientes será dada
através da adubação artificial (quando cresce no seu habitat natural, a
própria natureza fornece a alimentação necessária para o desenvolvimento da
planta). Uma vez diluído o adubo químico(pó/líq.) ou o adubo orgânico (em
forma de calda) na água, poderá ser utilizado tanto para regar os vasos,
como utilizar nas pulverizações das orquídeas.
Quando a adubação for através da rega dos vasos, a freqüência entre elas
será mensal. No intervalo entre as adubações, será regada com água pura para
retirar o excesso de sais que porventura tenha se acumulado. No caso das
pulverizações, a freqüência será de uma semana, sendo que no intervalo será
feita pulverizações com água pura, para que não haja o acúmulo de sais na
parte aérea da planta.
Independente do tipo de adubo químico(pó/líquido), devemos escolher aquele
que possua todos os elementos químicos essenciais para um desenvolvimento
saudável.
Uma vez escolhido o adubo químico, a freqüência da adubação e a necessidade
das doses homeopáticas, fica uma dúvida:
Qual é a quantidade ideal para que a concentração dos nutrientes na água
seja 'homeopática"'?
A quantidade ideal gira em torno de 0,5 a 1,0 grama/litro de água ou de 0,5
a 1,0 ml/litro de água pura. Nessa quantidade, os nutrientes ficam tão
diluídos (na ordem de parte por milhão - ppm) na água, que a sua
concentração é muito inferior a concentração plasmática das células do
tecido das orquidáceas.
Nessas condições, possibilita que a planta selecione os nutrientes de que
necessita, e evita-se que os sais entrem na planta por osmose, ou seja, de
uma concentração elevada de sais na água das regas, a planta absorverá sem
controle uma grande quantidade de sais e perderá água em contato com a
solução concentrada.
4. SOBRE OS NUTRIENTES QUE AS ORQUÍDEAS NECESSITAM:

4.l. Nutrição vegetal:

As orquídeas, como seres vivos que são, para se desenvolverem e florescerem
adequadamente (em cultivo artificial ou no seu habitat) necessitam retirar
do meio que as rodeiam as substâncias que são necessárias ao seu
metabolismo.
· A alimentação das orquídeas dá-se por três meios distintos:Pelas raízes,
absorvendo todos os elementos químicos (compostos orgânicos resultantes da
decomposição da matéria orgânica e dos macro e micronutrientes dissolvidos
na água das chuvas, das regas ou do orvalho).
· Através dos estôrnatos da superfície das folhas, e em especial da sua face
inferior, que absorvem líquidos que podem conter elementos nutritivos.
· Por fim, assimilando pelos poros/estômatos de sua superfície o gás
carbônico (CO2) presente na atmosfera.
A absorção de alimentos pelas raízes só é possível se as plantas possuirem
raízes desenvolvidas e saudáveis; por isso a adubação não faz efeito quando
são recentemente transplantadas ou mal enraizadas.
Podemos afirmar que a fibra de xaxim contém todos os elementos necessários
para a perfeita e completa alimentação da planta, pelo menos durante o
primeiro ano de plantio. Depois, sente-se um lento esgotamento do substrato
em conseqüência principalmente da lavagem de substrato pelas regas
excessivas e pelas chuvas prolongadas ou muito fortes. Depois, pela
decomposição da matéria orgânica do substrato, a perda é substituída, porém,
esta substituição tem um limite, e depois de um ano, estando a orquídea já
bem enraizada e viçosa, começa a faltar-lhe o alimento. Orquídeas cultivadas
em estufas ou em terraços, onde não recebem chuvas, não estão sujeitas a
essa perda de nutrientes e por isso demonstram geralmente maior vigor.
A partir do segundo ano, depois do transplante, é vantajoso aplicar-lhe
adubos químico (fornece os macro e micronutrientes) e orgânico (fornece os
compostos orgânicos) para suprir a sua falta.
O adubo químico ideal, como foi dito, deve conter todos os elementos
químicos balanceados, e deve ser aplicado diluído na água em quantidades
homeopáticas, tanto para as regas (a cada 2/4 meses) ou em pulverizações (a
cada uma/duas semanas).
Quando se faz uma adubação correta, a planta se beneficia, porém, uma
excessiva/freqüente adubação torna-se prejudicial.  Portanto, a adubação
química/orgânica correta é de fundamental importância para que as orquídeas
cresçam saudáveis e vigorosas.

4.2.Os nutrientes que as orquídeas necessitam:

Para que haja um crescimento vigoroso e saudável, as orquídeas necessitam de
um grupo de substâncias químicas denominado elementos essenciais e recebem
habitualmente as designações de elementos nutritivos ou de nutrientes
vegetais.
Mas o que são e quais são os nutrientes essenciais?
Segundo o critério proposto por Arnon e Stout, para ser considerado
essencial, um elemento nutritivo deve satisfazer as seguintes condições:
a sua presença é indispensável para que a planta possa completar o seu ciclo
vegetativo;
desempenha na planta funções específicas e, por isso, não pode ser
substituído por qualquer outro;
está envolvido no metabolismo da planta, seja de modo direto (constituinte
de substâncias vitais), seja indiretamente (catalisador, osmorregulador
etc.).
De acordo com esse critério, os nutrientes essenciais seriam os seguintes
elementos químicos:
Carbono(C); Oxigênio(O); Hidrogênio (H); Nitrogênio (N); Fósforo (P);
Potássio (K); Cálcio (Ca); Magnésio (Mg); Enxofre (S); Ferro (Fe); Manganês
(Mn); Zinco (Zn); Cobre (Cu); Boro (B); Molibdênio (Mo); Cloro (CI); Cobalto
(Co); Silício (Si).
De todos esses elementos químicos, deve-se estabelecer uma diferença entre
um grupo formado pelo carbono, oxigênio e hidrogênio e os restantes. De
fato, esses três elementos, embora absolutamente essenciais para as plantas
(encontrados em maior quantidade na composição das plantas), são retirados
do ar (CO2) e da água (H2O) e a sua utilização pela planta não sofre a
influência do homem. Por isso, esses três elementos químicos não são
incluídos no grupo dos nutrientes vegetais.
De acordo com o que foi discutido, os elementos vegetais podem ser agrupados
em:
Macronutrientes (são absorvidos em maior quantidade pelas plantas e,
ressalvando que estejam em equilíbrio com os outros nutrientes e em
concentrações adequadas, não são fitotóxicos): N, P, K, Ca, Mg, S;
Micronutrientes (são absorvidos numa quantidade pequena; em excesso são
fitotóxicos): Fe, Mn, Zn, Cu, Mo, CI, B, Si, NI, Na, Co.

5. ADUBOS: CONCEITO, DESCRIÇÃO E TIPOS.

Para constituir um adubo/fertilizante, um material qualquer deve conter um
ou mais nutrientes de plantas, em forma disponível ou que possa ser por elas
absorvidos. Os nutrientes, isto é, os elementos químicos considerados
essenciais ao crescimento, desenvolvimento e produção das plantas, até o
presente momento são 17:
macronutrientes: (N), (P), (K), (Ca), (Mg), (S);
micronutrientes: (B), (CI), (Cu), (Fe), (Mn), (Mo), (Zn), (Na), (Si), (Ni),
(Co).
Nos adubos comerciais, todos os nutrientes, com exceção do P e K, vêm
expressos em % na sua forma elementar. A concentração do fósforo vêm na
forma de pentóxido de fósforo (P2O5%) e o K na forma de óxido de potássio
(K2O%).
Os adubos químicos encontrados no mercado possuem inúmeras formulações (ex.:
30-10-10, 7-9-5, 10-5-5 etc.) e são vendidos na forma sólida (pó para diluir
na água e granulado) ou na forma líquida (para ser diluída em água pura).
Na maioria dos casos, os adubos possuem os macronutrientes e eventualmente
alguns micronutrientes (nem todos). Quando se fizer uma adubação, o certo é
escolher aquele que possui todos os elementos químicos (macro e micro) e que
seja de fácil manuseio (facilidade de medir quantidades com precisão).
Quanto à facilidade de se medir o adubo, o melhor é o líquido, a ser diluído
na água pura para ser pulverizado nas orquídeas ou regado no substrato
(mede-se através de conta-gotas - l5-l6 gotas correspondem a 1 ml de adubo
líquido). Quando o adubo for sólido, há um inconveniente tanto para o pó
quanto para o granulado. No primeiro caso, é necessário usar uma balança de
precisão para medir gramas e no segundo caso (granulado), o adubo, quando
colocado no substrato, prejudica-o, criando zonas de alta concentração de
sais nas proximidades dos grânulos.

6. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

A falta ou o excesso de um determinado elemento provoca sempre a mesma
manifestação visível de anormalidade, qualquer que seja a espécie vegetal
considerada, visto que as funções exercidas na vida da planta são sempre as
mesmas: eis o princípio em que se baseia a diagnose visual como um método de
avaliação do estado nutricional. Assim, a falta do elemento A deverá
provocar sempre clorose nas folhas mais velhas; o excesso de B, por sua vez,
causará sempre menor desenvolvimento do sistema radicular.
A manifestação externa de uma carência ou excesso tóxico pode ser concebida
como o último passo de uma seqüência de eventos, conforme segue:
Falta ou excesso -- lesão molecular (inibição ou atividade enzimática
excessiva, com a não formação ou acúmulo de metabólitos e consequentemente a
não formação ou formação excessiva de compostos estruturais) -- Alteração
subcelular (parede, membrana, citoplasma, organela) -- modificação
celular -- lesão no tecido -- manifestação visível do sintoma.
Como exemplo, podemos falar da carência de zinco:
O sintoma padrão ou denominador comum da carência de Zn é o encurtamento dos
internódios e a razão disso é que o nutriente é necessário para a síntese do
triptofano, que é o precursor do ácido indolil acético (AIA). Assim, os
passos que levam a esse sintoma final é o seguinte:
Lesão molecular (menor nível de auxina) -- lesão submolecular (paredes menos
plásticas)-- lesão celular (células menores) -- lesão no tecido (conjunto de
células menores, devido a inibição da enzima RNAse que leva a menor síntese
de proteína e, portanto, menor divisão celular)-- manifestação visível
(internódios curtos).

7. SINTOMAS DE FOME NAS PLANTAS

7.1. O que são sintomas de fome:

Observando a planta durante o seu desenvolvimento, tem-se às vezes um meio
grosseiro, mas simples e prático para se determinar quais os elementos que
estão faltando no substrato e, portanto, o que é necessário fornecer na
adubação. É necessário porém, deixar bem claro o seguinte: na maioria dos
casos há falta de nutrientes no substrato, só que a planta não manifesta os
sinais de fome (manifestação visível na planta da deficiência nutricional).

7.2.Chave para identificar os sintomas de fome e/ou excesso:

(l) Plantas fracas; folhas de cor verde clara ou verde amarelada uniforme,
inicialmente nas mais velhas; dormência de gemas laterais; folhas menores
devido ao menor número de células; amarelamento e posterior queda das folhas
traseiras. Elemento deficiente: Nitrogênio (N)
(2) Plantas pouco desenvolvidas; folhas cor verde azulado; às vezes aparecem
na planta tons vermelho-arroxeados; folhas amareladas, à princípio nas mais
velhas, pouco brilhantes e eventualmente apresentando manchas pardas; gemas
laterais dormentes; atraso no florescimento; número reduzido de flores.
Elemento deficiente: Fósforo (P)
(3) Clorose e depois necrose (cor de ferrugem ou marrom quase negro) das
margens e pontas das folhas, inicialmente nas folhas mais velhas;
deficiência de ferro induzida (obs.: excesso de K induz à deficiência de
Mg). Elemento deficiente: Potássio (K)
(4) Deformação nas folhas novas, resultado do crescimento não uniforme da
folha e às vezes com um gancho na ponta (a ponta da folha deixa de crescer);
raízes pouco desenvolvidas; manchas pardo-amarelas entre as nervuras que às
vezes podem se unir e tomar a cor de ferrugem; morte das gemas em
desenvolvimento; dormência das gemas laterais; manchas necróticas
internervais; cessação do crescimento apical das raízes, podendo apresentar
aparência gelatinosa. Elemento deficiente: Cálcio (Ca)
(5) Clorose das folhas, geralmente começando e sendo mais severa nas mais
velhas; clorose internerval (só as nervuras ficam verdes, enquanto que o
espaço entre elas se torna amarelado, avermelhado ou pardacento);
encurvamento das margens das folhas; desfolhamento.
Elemento deficiente: Magnésio (Mg)
(6) As folhas mais novas apresentam clorose (cor verde clara) e
eventualmente podem apresentar uma coloração adicional (laranja, vermelho,
roxo); necrose e desfolhamento; folhas pequenas; redução no florescimento;
enrolamento das margens das folhas; internódios curtos. (Obs.: excesso de S
pode ocasionar clorose interval). Elemento deficiente: Enxofre (S)
(7) Folhas pequenas com clorose internerval ou sem clorose, podendo
apresentar deformações; folhas mais grossas que o normal e quebradiças, com
nervuras suberificadas (cortiça) e salientes, às vezes com tons vermelhos ou
roxos; morte do meristema apical da gema em desenvolvimento; raízes com
pontas engrossadas e depois necróticas e ramificadas; pode ocorrer ausência
de florescimento (obs.: excesso de boro pode ocasionar a queima das margens
das folhas, onde há acúmulo desse nutriente. Elemento deficiente: Boro (Bo)
(8) Diminuição das folhas (primeiro sintoma); clorose, bronzeamento,
necrose; raízes curtas e não ramificadas (obs.: excesso de cloro (Cl) causa
a necrose das pontas e margens; amarelamento prematuro e queda das
folhas.Elemento deficiente: Cloro (Cl)
(9) Folhas estreitas e quebradiças; folhas verde escuras inicialmente que
tornam-se cloróticas nas pontas e margens. O excesso de cobre induz à
deficiência de Fe; folhas com manchas aquosas, que tornam-se necróticas;
morte precoce das folhas; diminuição no crescimento; cessação do crescimento
radicular e radículas enegrecidas. Elemento deficiente: Cobre (Cu)
(10) As folhas mais novas rnostram-se amareladas (clorose) e as nervuras
apresentam-se com a cor verde escura o qual corresponde à distribuição do Fe
no tecido. Obs.: o excesso de Fe causa manchas necróticas nas folhas).
Elemento deficiente: Ferro (Fe)
(11) As folhas mais novas mostram-se amareladas; as nervuras e uma estreita
faixa de tecido ao longo delas permanecem verdes, ficando com aspecto de
serem nervuras mais grossas; manchas pequenas e necróticas nas folhas;
formas anormais das folhas. Obs.: excesso de Mn, a princípio, induz à
deficiência de Fe. Elemento deficiente: Manganês (Mn)
(l2) Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranja
brilhantes em folhas mais velhas e depois necrose (manchas relacionadas à
distribuição do Mo); ausência de florescimento. Elemento deficiente:
Molibdênio (Mo)
(l3) Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas; encurtamento dos
internódios; folhas com manchas amareladas e retorcidas. (Obs.: excesso de
zinco induz à carência de Fe). Elemento deficiente: Zinco (Zn)
(l4) Excesso do elemento químico causa uma diminuição no crescimento das
raízes; raízes engrossadas e pouco ramificadas. Elemento deficiente:
Alumínio (Al)

8. FORMULAÇÕES DIFERENTES PARA CADA FASE DE DESENVOLVIMENTO

Para cada fase de desenvolvimento (repouso, vegetativo, reprodutivo) da
orquídea, a planta irá exigir um determinado tipo de nutriente em maior
proporção. Quando a planta for adulta e estiver na fase de repouso (em geral
no final do outono para o final do inverno) a adubação deverá ser bem
espaçada, somente para repor os nutrientes que são lixiviados pela água das
regas (ex.: 7-9-5, 10-10-10).
Durante a fase vegetativa, quando a planta inicia o seu crescimento, a gema
da orquídea que estava dormente, sai do seu estado letárgico e emite um
broto o qual irá se desenvolver até formar o pseudobulbo (início da
primavera até o final do verão). Nessa fase de intenso crescimento, o adubo
ideal é o que contém alto teor de nitrogênio (30-10-10, 10-5-5), pois esse
elemento químico é necessário para o desenvolvimento do tecido.
Nessa fase, a fósforo também será exigido em quantidade significativa para a
translocação de nutrientes sintetizados nas folhas adultas para a gema em
desenvolvimento.
Por fim, na fase reprodutiva, quando o pseudobulbo estiver quase formado e
com a espátula aparecendo (de onde originará as flores), a planta começará a
exigir uma quantidade maior de fósforo para induzir um desenvolvimento
vigoroso dos botões florais (7-9-5, 10-20-30), bem como induzir um bom
enraizamento do(s) novo(s) pseudobulbo(s) como também dos antigos. Nessa
fase, a planta exigirá urna maior quantidade de potássio, que têm uma função
catalítica no metabolismo vegetal e é essencial para um bom florescimento.

9. COMO QUANTIFICAR O ADUBO A SER DILUÍDO NA ÁGUA:

Numa solução altamente diluída (dose homeopática), a penetração dos sais
pela parede celular se dará a custa da perda de energia (absorção ativa),
isto é, a planta assimilará todos os nutrientes de que necessita e na
quantidade que lhe convier.  Essa absorção ativa, com gasto de energia, só
será eficiente se na planta houver o elemento químico cálcio em quantidade
adequada. Por outro lado, se na adubação a solução for muito concentrada
(concentração citoplasmática inferior à concentração de sais na água da
pulverização), a planta sofrerá uma desidratação e a concentração de sais
atingirá níveis tóxicos, bem como não haverá um controle da entrada dos
nutrientes (absorção passiva).
Para realizar uma adubação química correta, devemos saber que a concentração
de sais presente na água de diluição deverá ser inferior à concentração
citoplasmática das células dos tecidos da planta. Porém, para facilitar a
absorção dos nutrientes, o ideal seria que todos os elementos químicos
estivessem já na proporção adequada.
Para sabermos qual será a quantidade aproximada a ser colocada na água das
regas, teremos que ter informações sobre a concentração dos nutrientes
presentes nas plantas. Para termos alguns parâmetros, foi pesquisada na
literatura a composição centesimal (Tienken, 1947) de uma orquídea (C.
trianaei). Os dados apresentados, não correspondem aos de todas as
orquidáceas e nem mesmo às plantas da mesma espécie, mas, servirá para
elucidar o que foi proposto:

Análise centesimal:
Proteínas ----------- l6 ppm Cl (cloro) ------------ 14 ppm
P (fósforo) ---------- 103 ppm S (enxofre) ----------- 46 ppm
K (potássio) ---------- 113 ppm Fe (ferro) ------------- 8 ppm
Ca (cálcio) -----------    l ppm Carboidratos --------- 246 ppm
Mg (magnésio) --------- 33 ppm Gordura ------------- 1 ppm
Na (sódio) ----------- 41 ppm PH do extrato ---------- 7,0

Observando a análise centesimal, verificamos que ao lado dos números há as
letras "ppm", que significa uma medida de concentração. As concentrações são
expressas mais freqüentemente em "porcentagem" (%), isto é, através de
indicação do número de partes constituintes existentes em 100 partes da
substância. No entanto, quando se trata de constituintes que se encontram
presentes em quantidades muito reduzidas, a fim de evitar o uso de um
elevado número de decimais, é mais cômodo usar "partes por milhão",
abreviadamente indicadas por "ppm", ou seja, o número de partes do
constituinte existentes num milhão de partes da substância.
As ppm equivalem a mg/1000 g ou, nas soluções aquosas diluídas, a mg/l. Para
converter ppm em %, divide-se por 10.000. Assim, uma concentração de 25 ppm
corresponde a 0,0025%. Da % para ppm basta multiplicar por 10.000.

9.l. Cálculo da concentração em ppm do adubo diluído (líq./pó) em água pura:

De posse da concentração de nutrientes de uma orquidácea, basta calcularmos
a quantidade (g/ml) do adubo a ser diluído na água pura para que ela seja
inferior à concentração dos nutrientes da planta.
Para facilitar a discussão, a quantidade ideal, tanto para os adubos
líquidos ou pó, gira entre 0,5 a 1,0 g/l ou 0,5 a l,0 ml/l. Nessa
quantidade, a diluição em água pura proporcionará uma concentração inferior
a concentração citoplasmática da planta.
A seguir, é feita a dedução da concentração de nutrientes de um adubo
químico (líquido) quando se utiliza 1 ml do produto para 1000 ml de água
pura:

Adubo 3-12-6
 Nutriente    Concentração (%) Concentração (ppm)
Nitrogênio (N)   3%    30.000 ppm
Fósforo (P2O5)   12%    l20.000 pm
Potássio (K2O)   6%    60.000 ppm
Cálcio (Ca)    2%    20.000 ppm
Magnésio (Mg)   0,5000%   5.000 ppm
Boro (B)     0,0200%   200 ppm
Cloro (CI)    0,1000%   l.000 ppm
Cobalto (Co)    0,0015%   l5 ppm
Cobre (Cu)    0,0500%   500 ppm
Ferro (Fe)    0,1000%   l.000 ppm
Manganês (Mn)   0,0500%   500 ppm
Moiibdênio (Mo)   0,0009%   9 ppm
Zinco (Zn)    0,0500%   500 ppm
Sódio (quelato-Na)   0,1000%   l.000 ppm
Obs.: foi calculada a concentração em ppm, para todos os nutrientes do adubo
3-12-6 (ex.: 30.000 mgN / litro = 30.000 mgN / l.000 ml).
Quando retiramos l ml do adubo químico, a quantidade dos elementos químicos
será o equivalente a milésima parte, ou seja, 30 mgN / l20 mg P2O5 / 6OmgK2O
/ 20mgCa / 5mgMg / 0,2mgB / 1mgCl / 0,0l5mgCo / 0,5mgCu / 1mgFe / 0,500mgMn
/ 0,009mgMo / 0,500mgZn / lmgNa.
Quando diluimos o adubo líquido (l ml) em l litro de água pura (l.000 ml),
concluimos que os valores encontrados correspondem a ppm na água (ex.:
30mgN/litro água = 30 ppm).De todos os nutrientes químicos, só dois estão na
forma de óxidos e para converter em elementos químicos (P, K) basta fazer
este cálculo:
  *Multiplicar P2O5 por 0,4364 *Multiplicar K2O por 0,8302
Assim, a concentração em ppm dos elementos químicos correspondem aos
seguintes valores encontrados em l m do adubo, o qual será diluído em l
litro de água pura: (30ppmN) / (26,18525ppmP) / (24,90485ppmK) / (20ppmCa) /
(5ppmMg) / (0,2ppmB) / (lppmCl) / (0,015ppmCO) / (0,5ppmCu) / (lppmFe) /
(0,500ppmMn) / (0,0099ppmMo) / (0,500ppmZn) / (lppmNa).


10.COMPARANDO AS CONCENTRAÇÕES DA PLANTA COM A SOLUÇÃO PREPARADA:

Verificamos que alguns elementos químicos da solução nutritiva estão abaixo
da concentração da planta (ideal) e algumas estão um pouco acima da
concentração da planta. Como as plantas saudáveis têm a capacidade de
realizar uma absorção ativa, os excessos de alguns nutrientes serão
evitados.Apesar de alguns nutrientes estarem em excesso, a concentração
total de sais na água das regas é inferior à concentração citoplasmática, a
qual corresponde às doses homeopáticas que foram citadas no início do texto.
Para a espécie em questão, concluímos que o ideal seria utilizar uma
quantidade menor que l ml de adubo.Para finalizar, a freqüência das
adubações pode ser reduzida quando a diluição for mínima (diluições da ordem
de centésimos de ml do adubo químico/litro de água), podendo ser utilizada
em dias alternados.Obs.: no caso anterior, quando for utilizada uma
quantidade de adubo em concentrações um pouco maiores, entre 0,5 - l,0 ml, a
freqüência entre adubações deve ser semanal e nos intervalos deve ser usada
água pura para retirar o excesso de sais que porventura possa acumular.



MATERIAL ADQUIRIDO DE AMIGOS!

Um comentário:

  1. Saudações! Será que posso acrescentar enxofre na calda bordalesa para aplicar em Orquideas? Se positivo, quais as proporções?
    Grato!
    Um abraço!

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